terça-feira, 17 de setembro de 2013

AGOSTINIANA RECEBE PRÊMIO NOBEL




A Vida Religiosa se alegra com a Congregação das Irmãs Agostinianas de Dungu, com o o Prêmio Nansen de Refugiados - uma espécie de prêmio Nobel do mundo humanitário que a Irmã Angélique Namaika  recebe nesta terça, 17 de setembro.
Irmã Angélique trabalha há 10 anos  no nordeste da República Democrática do Congo, no acompanhamento de mulheres vítimas da violência de gênero e do conflito congolês. 
A abordagem individual adotada pela Irmã Angélique no seu trabalho ajuda as vítimas a se recuperarem de seus traumas. Além do abuso que sofreram essas mulheres e crianças vulneráveis são frequentemente condenadas ao à exclusão, ao isolamento ou exílio por suas comunidades e pela própria família.  Para curar suas feridas  e reconstruir suas vidas despedaçadas elas precisam muito amor e carinho, do jeito que Irmã Angélique sabe dar.
Angélique falou ao  Conselho de Segurança da ONU e no Congresso dos EUA sobre a violência e a busca pela paz no Congo.
Pesquisas apontam que cerca 350 mil pessoas tenham sido forçadas a deixar suas casas na região de Dungu. A brutalidade do grupo sectário cristão e militar que atua no norte de Uganda, o LRA ( Lord's Resistance Army) é bastante conhecida, e depoimentos de mulheres confirmam esta prática.

O Brasil, mão estendida a estas refugiadas
Algumas dessas mulheres congolesas encontraram refúgio no Brasil. As Caritas Arquidiocesanas de São Paulo e do Rio de Janeiro trabalham em parceria com o ANCUR.
O Brasil possui cerca de 4.400 refugiados de cerca de 70 nacionalidades. Os congoleses representam o 3º maior grupo (cerca de 13%), antecedidos pelos angolanos e colombianos.
Funcionária da Caritas Arquidiocesana de São Paulo Larissa Leita fala justamente da realidade das refugiadas congolesas no Brasil.     

Irmã Angélique Namaika já salvou mais de 2 mil mulheres da violência no Congo


Conheça um pouco da história missionária de Irmã Angélique
Aos nove anos de idade, Angélique decidiu dedicar sua vida aos necessitados ao ver uma religiosa trabalhando em uma aldeia.
Se ingressou na Congregação das Irmãs Agostinas de Dungu e Doruma, em 1992 .  “ As deslocadas pela violência do LRA são muito vulneráveis. Elas são capturadas, levadas à floresta e dadas aos soldados. Ali, apanham, são vítimas de violência sexual”, disse  à coletiva de imprensa se Genebra.
Irmã Angélique, 46, é uma refugiada dentro do próprio país. Foi obrigada a deixar sua casa em virtude de ataques do grupo armado na região e viveu em abrigos com outros deslocados em 2009. “Não sabia aonde ir. Cruzei árvores, campos, não havia comida para todos. Na caminhada, cantava músicas religiosas para espantar o medo, relatou.  
 “ Era difícil achar quem ajudasse. Quando conheci as vítimas do LRA que escapavam da floresta, percebi que elas tinham sofrido muito mais atrocidades do que eu. Isso me encorajou a ir todos os dias aonde elas viviam para ajudá-las. Estar juntas é importante para as mulheres. Lembramos sempre do ditado: uma por todas, todas por uma”, narrou.
A religiosa é cofundadora do Centro para Reintegração e Desenvolvimento em Dungu, cidade mais afetada pelo LRA. Só neste ano, foram 54 ataques do grupo armado na região, com 17 mortes e 53 sequestros.
 Ali, a Irmã trabalha com 150 mulheres que estão em processo de recuperação de traumas.  As mulheres têm cursos de alfabetização, costura e culinária. São mulheres como Monique, raptada aos 14 anos pelo LRA. Obrigada a se casar com um soldado, descobriu estar grávida ao ser liberada, aos 17 anos.
Hoje, vive em Dungu com seu bebê de 6 meses, a mãe e o irmão. Aprendeu a costurar com Angélique e faz uniformes escolares. “As mulheres são muito importantes na sociedade. São elas que educam os filhos, formam o futuro. Peço a Deus todos os dias que me dê força para continuar a ajudá-las. E peço que todos ajudem fazendo o mesmo, e olhem para essas mulheres, não só no Congo, que sofrem tantas atrocidades”, concluiu.
O Exército de Resistência do Senhor (LRRA), nos últimos 30 anos forçou o deslocamento de 2,5 milhões de pessoas internamente e além das fronteiras em Congo, Uganda, Sudão do Sul e República Centro-Africana, indica um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Acnur.
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Fontes: oglobo; radiovatican
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