É próprio da juventude questionar
estruturas, sonhar sonhos impossíveis que, por vezes, são molas propulsoras
para uma vida toda. A utopia de um outro mundo possível, onde as diferenças
sejam diminuídas e todos tenham acesso ao necessário para se viver bem.
A juventude, com esse sonho, não
pode ser o futuro da nação, o futuro do mundo. Ela é o presente em seu frescor
e leveza, ela é o presente questionador dos rumos que foram dados até então,
ela é a vida que vence a morte e a utopia que teima em resistir quando os
sonhos parecem morrer.
Uma crítica que por anos se fez é
que a juventude era despolitizada, não mais se mobilizava ou se tocava diante
das grandes questões sociais, políticas e econômicas que afetam a vida do
cidadão brasileiro. Em 2013, tivemos lampejos de uma outra aurora. A aurora,
contudo, não irrompe abruptamente. É lentamente que os raios de sol, à medida
que a Terra-Mãe se movimenta, penetram a atmosfera e despertam a vida que
repousava na noite escura. Na delicadeza da aurora, e com a força do calor do
sol a nossa juventude começa a mostrar que o outro mundo começa a chegar, que
uma outra realidade é possível e necessária.
Este processo do grito não nasce
do nada. A Terra-Mãe se movimenta para que a aurora chegue. Muitos dos
manifestantes, questionadores da ordem vigente, são jovens que conseguem olhar
o mundo para além de suas necessidades imediatas e individuais e, no cotidiano,
fazem um outro mundo acontecer, alimentando os famintos, saciando os sedentos,
recebendo os estrangeiros, vestindo os nus, cuidando dos doentes e visitando os
presos(cf. Mt 25, 31ss). Trabalho sem alarde, silencioso, mas sutil como a
aurora que vence a noite, sem medo de que novamente a noite venha.
Juventude e solidariedade,
sementes do Reino de Deus, da Cidade de Deus, da Utopia, da Aurora. Sinônimos.
(Sandson Rotterdan, PPGCR PUC Minas, DEPAS Colégio Santo Agostinho BH)
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