Ambulante tem carrinho de balas roubado e é surpreendido com alunos que se mobilizaram para comprar um novo
MAURICIO DE SOUZA
![Photo: mauricio de souza, License: N/A baleiro](http://www.hojeemdia.com.br/polopoly_fs/baleiro-1.403725!/image/2766221242.jpg_gen/derivatives/landscape_550/2766221242.jpg)
Alunos se uniram para mostrar solidariedade ao baleiro Pelé
Aos 49 anos vividos com muito sacrifício, juntando, literalmente, os centavos para criar a família com dignidade, o ambulante Antônio Rodrigues Santos teve a dura notícia do roubo de seu carrinho de pipocas e doces, na última segunda-feira de janeiro, dois dias antes do retorno das aulas. Mas o que poderia se transformar nos piores dias da vida de “Pelé”, como ele é conhecido, acabou mostrando o tanto que é querido pelos alunos, pais e professores do Colégio Santo Agostinho, na região Centro-Sul da capital mineira.
Pelé trabalha há 35 anos na porta da instituição, onde, ainda garoto, ajudava o pai no mesmo ofício. Ao sentir a falta do pipoqueiro, os estudantes se mobilizaram para arrecadar dinheiro e comprar um novo carrinho para o ambulante. Em uma semana, com a propaganda boca a boca e nas redes sociais, conseguiram mais de R$ 2 mil, além de uma doação de balas.
Emocionado, o ambulante esteve na última terça-feira (7) no colégio e foi recebido com abraços e saudações carinhosas dos estudantes e da direção da escola. “Se não fossem eles, eu não teria condições de voltar. Costumo dizer que é muito bom ser importante, mas o mais importante é ser bom. Conheço todos esses meninos, e alguns pais também já compraram balas comigo quando crianças. São várias gerações que vejo crescer”, recorda-se Pelé.
Por trás da timidez e humildade, Antônio demonstra uma firmeza de caráter e grande conhecimento sobre a educação escolar. “Ele tem um perfil de educador. Conhece os estudantes e nos ajuda. Não é dedo-duro, mas chama atenção quando algum está demorando a entrar ou se tem aluno que está exagerando nos doces. Ele praticamente faz parte do colégio. Pelé é um guardião da nossa escola”, diz a coordenadora do Departamento Pessoal do colégio, Maria das Dores Correia de Souza.
O ambulante recebeu diversos cartões com mensagens solidárias de ex-alunos, pais e professores. Enquanto a reportagem do Hoje em Dia conversava com ele, na secretaria do colégio, o telefone tocou três vezes: eram pessoas querendo saber se a situação de Pelé já havia sido resolvida. “Ele trabalha com respeito e honestidade, e ganhou o carinho de toda a comunidade ao redor. A repercussão foi enorme”, destaca o diretor da unidade de ensino, Francisco Morales.
O carrinho estava guardado num estacionamento, nas proximidades do colégio, que foi arrombado. “Sentimos a falta de Pelé no primeiro dia de aula. Ligamos para ele e ficamos sabendo do ocorrido. A notícia se espalhou e todos se prontificaram a ajudar. Com a permissão do diretor, centralizamos as arrecadações”, diz Maria das Dores.
Ela ressalta que o cuidado dele é tão grande com as crianças que, ao sugerirem um carrinho mais sofisticado, com vidros, Pelé recusou, alegando o perigo de quebrar e machucar alguém. “Se pudesse, trocaria, com o ladrão, o novo pelo velho, visto o valor de estimação que tinha por aquele carrinho. Comprei com o dinheiro da pensão do meu pai e da aposentadoria de minha mãe. Lembro-me até do valor: 300 cruzeiros, como era a moeda naquela época”.
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